Existem momentos em que as coisas parecem estar totalmente equilibradas e em harmonia e há a possibilidade de admitir para si que está sentindo o que convencionalmente chamamos de felicidade.
Esse sentimento, a felicidade, que na verdade pode ser entendida como um estado corpóreo, é apenas mais uma das várias respostas de interações possíveis do corpo com o nosso ambiente.
Porém, ao contrário de outros estados, a famigerada felicidade é extremamente perseguida por todos, o tempo todo, a todo custo.
É proibido não ser feliz, não estar sorrindo, não estar extremamente realizado em TODAS as áreas da nossa volúvel vida!
O que quase ninguém nos conta é que os raros momentos de completude continuarão sendo raros, por mais que se tenha, seja, alcance ou conquista.
Assim como a felicidade é perseguida e atribuímos um valor todo positivo, tentamos a todo custo fugir da dor, da tristeza e do sofrimento.
É inadmissível sentir coisas chamadas “ruins”, da mesma forma que nos foi mandado engolir o choro quando criança.
Atribuímos um valor totalmente negativo à tristeza, que assim como a felicidade é apenas outro estado, fruto da nossa relação com as coisas à nossa volta.
É IMPOSSÍVEL, com todas as letras, passar por nossa curta existência, sem sofrer, sem entrar em contato com as frustrações, com a falta, a perda.
Descobrimos que tanto felicidade quanto tristeza, são estados passageiros, e que de nenhuma forma tem controle sobre nosso eu. Ambas não devem ser PERSEGUIDAS ou EVITADAS.
Devem ser experienciadas, sentidas, cheiradas, tocadas, mastigadas, ouvidas. Assim como sentimos o gosto do doce e do salgado, do amargo e do azedo. Como saberemos o que é o que, sem ter sentido com os sentidos?
A maior parte do sofrimento que as pessoas relatam não está presente no aqui, no agora, são fantasmas da amargura que a vida pode fazer a gente experimentar. Mas ainda assim, fantasmas.
Legal seria se, por um dia, pudéssemos conviver com os fantasmas e sentir os sabores e dissabores que a vida nos oferece, sem julgamentos de valor, de peito aberto, vivendo o momento presente, talvez assim a mágica poderia acontecer!